Trump e Kamala fazem da eleição um referendo sobre o adversário
Em discursos de encerramento contrastantes, candidatos apelam para o medo, demonizam o oponente e traçam cenários apocalípticos sobre o futuro do país caso sejam derrotados nas urnas em 5 de novembro. Donald Trump e Kamala Harris durante campanha presidencial para as eleições de 2024, nos EUA
Associated Press
Dois discursos de encerramento de campanha em 48 horas evidenciaram o contraste absoluto entre Donald Trump e Kamala Harris.
No parque The Ellipse, onde no dia 6 de janeiro de 2021 o ex-presidente encorajou seus partidários a uma insurreição para anular a vitória de Joe Biden, a candidata democrata, vice-presidente e ex-procuradora-geral da Califórnia expôs o seu argumento final para convencer os eleitores: virar a página do trumpismo, unir o país e ser uma presidente para todos os americanos.
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“É uma escolha entre um país enraizado na liberdade para cada americano ou outro governado pelo caos e pela divisão", disse. Ela descreveu o adversário como um pequeno tirano — “instável, obcecado por vingança, consumido por queixas e em busca do poder descontrolado”.
Na arena do Madison Square Garden, neste domingo (27), o ex-presidente e seus oradores convidados despejaram uma onda de mentiras e ofensas racistas e xenófobas dirigida aos imigrantes e à atual vice-presidente.
Mais tarde, Trump qualificou o evento como um “festival de amor absoluto” — definição semelhante à usada para descrever a invasão ao Capitólio por uma turba de simpatizantes armados.
Ambos os candidatos parecem beber na mesma fonte, traçando um cenário apocalíptico e apelando ao medo, caso o oponente saia vencedor na próxima terça-feira, para seduzir os que ainda estão indecisos. Trump antevê a recessão econômica, a Terceira Guerra Mundial e o enfraquecimento dos EUA, transformado no que chama de “lata do lixo do mundo”.
Sob esse prisma, diante de 75 mil pessoas que lotaram o parque nas imediações da Casa Branca, a candidata também fez previsões sombrias sobre o futuro do país: o desmonte das instituições, a perseguição aos opositores e a democracia sob ameaça, numa repetição dos argumentos usados há quatro anos por Joe Biden contra Trump.
“Em menos de 90 dias, Donald Trump ou eu estaremos no Salão Oval. E no primeiro dia no cargo, Donald Trump entrará com uma lista de inimigos. Eu entrarei com uma lista de afazeres e alguém que trabalhará para unir os americanos.”
Kamala procurou transmitir uma mensagem clara e objetiva, na tentativa de demarcar este duelo como o combate entre o bem e o mal. Expôs propostas que impactam no seu dia a dia: um crédito tributário para quem quer ter o seu primeiro imóvel ou a expansão do sistema de saúde para cobrir gastos de assistência médica em casa, entre elas.
Os comícios de encerramento dos candidatos, a uma semana do fim da campanha, seguem uma lógica: atingir a tempo os eleitores que antecipam o voto. Mais de 50 milhões já o fizeram, e o prazo para o envio das cédulas pelo correio está se esgotando.
A eles, Trump e Kamala tentaram descrever a eleição como um referendo sobre o adversário, em que o eixo principal é a demonização do outro.
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